Nas sociedades dos
periquitos todos são iguais. Sendo nômades, também não se interessam por
disputas territoriais. Quando um bando de periquitos chega perto de outro, eles
se fundem e seguem juntos como se nunca tivessem existido de outra maneira. Quando
se separam é só até o próximo encontro fortuito. Assim era o meu periquito, aliás,
era eu que era dele, porque ele era meu único, mas teve a todos que por aqui
passaram. Com ele aprendi a ser periquito, mas ele comigo só aprendeu a ser
humano e por isso ele se foi, cedo demais, porque a ninguém nunca fez bem ser
humano. E eu fiquei aqui, periquita sem asas, porque ele voava comigo e eu
voava com ele.
Yara Dewi Howe